Estava com muito medo desse dia. Apesar da terapia e dos exercícios de meditação, confesso que andei evitando pensar nesse assunto. Durante a última semana me peguei fazendo algumas "permutas mentais" para tentar me convencer que o avião não ia cair ficaria tudo bem mas no geral estava ok.
O check in foi tranquilo e ficamos batendo papo até a hora de embarcar, e quando chamaram nosso vôo eu estava... apreensiva como um boi na fila do abate!
Mesmo com o avião relativamente vazio sentamos ao lado de uma mulher e sua filhinha, que estava na minha poltrona. A menina tinha pouco mais de um ano e deveria viajar no colo da mãe, mas foi só a moça pegá-la no colo pra ela abrir o berreiro. E o Wally fez cara de que ia explodir.
Eu mal tive tempo de pensar que de alguma maneira aquela criança chorona poderia me distrair dos meus ruins quando a aerochica* veio nos sugerir que trocássemos de lugar.
Fomos parar do lado de um sujeito que já estava dormindo antes do avião decolar. Eu gosto de pensar que tenho um coração puro e admiro ele por isso mas a verdade é que aquilo me deixou p... da vida! Como a vida pode ser tão injusta? Será que eu não poderia nascer com pelo menos um pouco daquela serenidade?
Não sei como ninguém ainda inventou uma companhia aérea que leva os passageiros cagões ansiosos como eu em animação suspensa até seu destino. Ou em coma induzido. Muita gente pagaria por isso.
Foi durante este pensamento que o avião começou a taxear para decolar.
* O marido está me incentivando a aprender uma nova língua. Essa é a primeira palavra do meu dicionário de Portunhol - Português!